sábado, 7 de maio de 2011

Meu coração no mundo





Não, meu coração não é maior que o mundo
É muito menor
Nele não cabem nem as minhas dores
Por isso gosto tanto de me contar
Por isso me dispo
Por isso grito
Por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias
Preciso de todos

Sim, meu coração é muito pequeno
Só agora vejo que nele não cabem as pessoas
As pessoas estão cá fora, estão na rua
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava
Mas também a rua não cabe todos
A rua é menor que o mundo
O mundo é grande

Tu sabes como é grande o mundo
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão
Viste as diferentes cores dos homens
As diferentes dores dos homens
Não sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
Num só peito de homem... sem que ele estale.

Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros
Tão calma, não anuncia nada
Entretanto escorre nas mãos
Tão calma! Vai inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos voltarão?

Meu coração não sabe
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração
Só agora descubro
Como é triste ignorar certas coisas
Na solidão de indivíduo desaprende a linguagem com que homens se comunicam

Outrora escutei os anjos
As sonatas, os poemas, as confissões patéticas
Nunca escutei voz de gente
Em verdade sou muito pobre

Outrora viajei
Países imaginários, fáceis de habitar
Ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio

Meus amigos foram às ilhas
Ilhas perdem o homem
Entretanto alguns se salvaram e
Trouxeram a notícia de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
Entre o fogo e o amor

Então, meu coração também pode crescer
Entre o amor e o fogo
Entre a vida e o jogo
Meu coração cresce dez metros e explode
Mas minha tristeza persiste

É o começo do fim ?
Ou o fim do começo ?

Confuso estou , confuso sou!

Pensemos....

Nenhum comentário:

Postar um comentário